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      Sorín, a lenda argentina que adotou o Cruzeiro

      Texto por Eduardo Massa
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      O público compareceu em grande número ao Mineirão em uma noite de quarta-feira, em 2009, para se despedir de um ídolo. "Sorín, eterno", lia-se nos materiais promocionais do evento, um amistoso entre Cruzeiro e Argentinos Júniors. O adeus do argentino ao futebol foi repleto de emoção, mas com um toque de melancolia depois de um fim de carreira marcado por lesões. Muito diferente da explosão de alegria de sua primeira despedida da torcida celeste, em um momento mágico que marcaria para sempre sua vida.

      Juan Pablo Sorín adotou o Cruzeiro como seu time, mas antes de construir sua história de amor com o torcedor cruzeirense, o argentino já havia conquistado o respeito em sua terra natal.

      Um jovem colecionador de títulos

      Sorín foi criado na base do Argentinos Juniors, na Argentina, e teve sua primeira oportunidade profissional no fim de 1994. O talento foi rapidamente reconhecido. Tanto que o canhoto representou a Argentina de José Pékerman no Mundial Sub-20, em 1995, com a braçadeira de capitão. Levantou o troféu ao fim depois derrotar o Brasil, em um gesto que repetiria muitas vezes na carreira, sem demora.

      Mas a trajetória de Juanpi, como ficou conhecido, não foi exatamente marcada apenas por sucessos. Pelo contrário, o percurso foi repleto de decepções, e a primeira delas foi na Juventus. Aposta do gigante italiano no segundo semestre de 95, o jovem lateral disputou apenas quatro jogos por lá, sem se adaptar, embora tenha atuado em uma partida da Liga dos Campeões, que terminou com título da Velha Senhora.

      O retorno ao futebol argentino fez bem a Sorín. O ousado lateral, conhecido por um estilo de jogo pouco comum, aparecendo como homem surpresa com frequência na área adversária, ganhou praticamente tudo com o River Plate. Foram quatro títulos argentinos (três aperturas e um clausura), além da Copa Libertadores de 1996 e da Sul-Americana de 1997. Quando chegou ao Cruzeiro, em 2000, o argentino já era uma estrela.

      A construção de um ídolo celeste

      O Cruzeiro pagou cerca de 5 milhões de dólares por Sorín, então com 23 anos, no que foi um recorde do clube à época. Uma aposta arriscada, mas ali começava uma história de amor entre o argentino e o time celeste.

      Foram apenas dois anos e meio no clube. O suficiente para se tornar em um ídolo, símbolo de entrega, raça, e talento. E também de conquistas. A primeira delas a mais importante, a Copa do Brasil de 2000, com o bicampeonato da Copa Sul-Minas nos anos seguintes.

      O momento mais marcante talvez tenha sido a sua última lembrança na primeira passagem pelo clube, na final da Copa Sul-Minas, contra o Athletico Paranaense. Cedido à Lazio, Sorín sabia que seria sua despedida do Mineirão, com quase 70 mil torcedores. Um choque no início do jogo o deixou com um corte no supercílio. O olho inchado e o sangramento não o impediram de seguir em campo, e a recompensa foi o gol da vitória no segundo tempo. Êxtase total no estádio. Um delírio que marcou o argentino.

      "Estou partindo e pensando se algum outro dia serei tão feliz!", escreveu o jogador em uma carta de despedida. E talvez não tenha sido...

      Decepções na Europa e retorno ao Cruzeiro

      A negociação com a Lazio acabou por se provar um erro. Em crise financeira, o time italiano acumulou dívidas, com Cruzeiro e Sorín inclusive, e a passagem do lateral pela Itália acabou em muita confusão e imbróglio na justiça. Não houve tempo para o argentino mostrar seu talento no futebol italiano.

      A solução foi o Barcelona. O clube catalão decidiu apostar em Sorín e teve de negociar com Lazio e Cruzeiro, além de convencer o jogador a seguir para Barcelona, o que não foi tão difícil. Contratado no meio da temporada, em 2003, mais um vez o argentino não conseguiu se firmar na Europa, embora tenha sido titular por lá.

      A temporada seguinte foi na França, pelo Paris Saint-Germain, e com sensações distintas. Juanpi é lembrado com imenso carinho pelo torcedor parisiense, tendo se despedido do clube invicto e campeão da Copa da França (cabe lembrar que falamos aqui de um PSG sem a opulência da década seguinte). No entanto, além de não ter jogado a final, o jogador teve um relacionamento complicado com o técnico Vahid Halihodzic, o que impediu sua sequência em Paris.

      Sorín acabou por voltar para a sua segunda casa, o Cruzeiro, mas apenas para uma passagem curta antes de retornar à Espanha.

      Um Submarino Amarelo que marcou época

      O sucesso e a estabilidade na Europa enfim chegaram para Sorín em um projeto ousado do Villarreal. Com o auxílio de outros craques como Riquelme e Forlán, o lateral argentino ajudou o Submarino Amarelo a conquistar pela primeira vez uma vaga na Liga dos Campeões, depois do terceiro lugar no Espanhol em 2004/05.

      A campanha na Liga dos Campeões também foi histórica. O clube espanhol ficou entre os quatro melhores da Europa logo em sua estreia no torneio, caindo na semifinal para o Arsenal de Henry.

      Durante todo esse período, Sorín foi presença frequente também na seleção argentina. Disputou as Copas do Mundo de 2002 e 2006, sendo capitão da equipe nesta última. Como toda uma geração argentina, ficou marcado pela falta de troféus, embora tenha sido vice-campeão na Copa América de 2004 e na Copa das Confederações de 2005.

      Depois da passagem marcante pelo Villarreal, Sorín decidiu que era a hora de ter uma experiência no futebol alemão e assinou com o tradicional Hamburgo, apenas para colecionar mais uma decepção na carreira. Desta vez os problemas foram as lesões, que não só abreviaram sua passagem pela Bundesliga, mas acabaram por antecipar o fim de sua carreira.

      Dispensado pelo Hamburgo por conta de lesão no joelho, Sorín tentou ainda se recuperar em Belo Horizonte. Ainda foi campeão mineiro em 2009, mas pouco jogou por conta dos problemas físicos. Ciente de que seria difícil manter o alto nível de tempos anteriores, o argentino decidiu colocar o ponto final na carreira.

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      Juan Pablo Sorín (ARG)
      Juan Pablo Sorín (ARG)

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