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Negócio da China

Com investimento pesado e legião brasileira, futebol cresce na China

2015/05/22 18:56
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Artilheiro do bicampeão brasileiro Cruzeiro, Ricardo Goulart, com 23 anos, não resistiu ao assédio do exterior e acabou negociado. O destino, não um grande clube da Europa, como costumam sonhar os destaques no Brasil, mas sim o exótico futebol chinês. Goulart não foi o primeiro, nem o último. A China investe alto no futebol e quer a atenção do mundo.

Falar em falta de tradição na milenar China chega a soar como ironia. A origem do futebol, para muitos, passa pelo país, de tempos antigos, muito antes da Inglaterra reivindicar a criação do esporte. Mas o fato é que se recuarmos apenas duas décadas, veremos um campo árido para o desenvolvimento do esporte mais popular do mundo. O cenário parece mudar aos poucos, embora ainda nos primeiros passos. 

O futebol está longe de dominar o mais populoso país do Globo, mas, ao menos quando falamos da elite, na Super Liga Chinesa, os investimentos têm trazido frutos.

Drogba e Anelka: a China pede (compra) atenção

©Getty / Phil Cole
Não é fácil recuperar o atraso de décadas. Rowan Simons, autor do livro Traves de Bambu, sobre o desenvolvimento do futebol na China, lembra que quando chegou ao país em 87 era impossível encontrar um clube, e encontros com 10 ou mais pessoas precisavam de autorização das autoridades locais. Logo, pode-se dizer que não eram nas peladas entre amigos que os chineses desenvolviam seu talento.

Na década passada, o futebol chinês esbarrou em diversos problemas para tentar se desenvolver. Enfrentou escândalos de corrupção, resultados abaixo da expectativa na seleção chinesa, desânimo do torcedor e descrédito internacional. Organizar a casa não era missão simples. Nada como um grande aporte financeiro para dar um empurrão e atrair a atenção mundial, com apoio do Governo e com investimentos de grandes empresas.

Drogba e Anelka foram a parte mais visível desta nova filosofia na China. Em 2012, os dois foram contratados pelo Shanghai Shenhua, hoje Shanghai Greenland. Drogba foi a certamente a contratação de maior impacto, depois de ter conquistado a Liga dos Campeões. Não passaram muito tempo no clube. Dinheiro nem sempre compra o sucesso, logo descobriram...

Hoje, o Greenland conta em sua esquadra com Tim Cahill, outro nome de peso, mas longe do apelo da dupla ex-Chelsea.

Conca, super-salários e título na Ásia

©Getty / Thananuwat Srirasant
Sem o impacto internacional de Drogba e Anelka, mas com salários milionários, Conca pode se gabar de ter sido pioneiro entre as mega-estrelas da Super Liga Chinesa. Quando foi contratado, em 2011, tinha sido campeão brasileiro com o Fluminense e eleito Craque do Brasileirão. Mas o que mais chamou atenção à época foi mesmo o seu vencimento, que o colocou no patamar financeiro de Messi e Cristiano Ronaldo.

O Guangzhou Evergrande, ao contrário do Shanghai Senhua, logo viu o investimento dar retorno em campo. Com Conca, foi tricampeão chinês e conseguiu dar um grande salto, com a Liga dos Campeões da Ásia. Foi o primeiro clube chinês a vencer no modelo moderno da competição.

Depois de retornar ao Fluminense em 2014, Conca foi atraído mais uma vez pelos milhões na China, agora no Shanghai East Asia FC, atualmente líder do campeonato. O craque argentino busca o seu quarto título...

Legião Brasileira ajuda a desenvolver o futebol chinês

Tardelli também rumou para a China ©Divulgação
Conca não estava sozinho no Guangzhou. Entre os destaques da equipe estava uma dupla brasileira: Muriqui e Elkeson. O mercado brasileiro, na verdade, parece o preferido dos times chineses. Na atual edição, 21 jogadores brasileiros já entraram em campo na Super Liga.

Entre as duas mais recentes e impactantes contratações estão as de Ricardo Goulart, ex-Cruzeiro, no Guangzhou, e Diego Tardelli, ex-Atlético Mineiro, no Shandong Luneng, de Cuca. Goulart custou 15 milhões de euros e Tardelli 5,5 milhões.

Outros jogadores conhecidos no Brasil também pararam na China, como o exemplo do boliviano Marcelo Moreno e dos argentinos Barcos e Montillo.

O projeto chinês, no caso, não é apenas buscar estrelas. A legião estrangeira (dominada por brasileiros) chega para tentar elevar o nível do futebol local e para trazer experiência para os jogadores da casa. Por isso, o limite de estrangeiros de quatro por equipe.

Lippi, Erikson, Cannavaro e a aposta em técnicos de fora

Os técnicos também chegaram de todas as partes para trazer experiência ao futebol chinês. Marcello Lippi, campeão mundial pela Itália e respeitado como um dos maiores treinadores do planeta, foi a principal aposta do mercado do país. O italiano chegou em 2012 e venceu três títulos chineses antes de se aposentar no Guanghzou Evergrande.

Cannavaro substituiu Lippi no Guangzhou ©Getty / Zhong Zhi
Em seu lugar assumiu Fabio Cannavaro. Um curioso primeiro passo para o ex-jogador, ídolo na Itália, e que inicia sua nova carreira como técnico justamente na China, depois de trabalhar com Lippi. O Evergrande é o segundo colocado no Chinês.

Outro técnico famoso a tentar a sorte na China é o sueco Sven-Göran Eriksson, que passou pelo Guanghzou R&F e agora comanda o Shanghai East Asia FC, líder do campeonato. Na terceira posição, o Beijing Guoan é comandado pelo espanhol Gregorio Manzano. Em quarto está o time de Cuca. De fato, é raro encontrar um técnico chinês na elite do futebol local.

Cada vez mais popular?

O investimento de nada adiantaria sem um fator fundamental: a paixão pelo futebol. As médias de público nos estádios mostram que, aos poucos, o esporte parece ganhar adeptos na China. No ano passado, a Super Liga teve 18.571 torcedores por partida, um número superior ao do Brasil, por exemplo.

Não que o futebol seja paixão nacional na China. Os investimentos parecem ainda priorizar o futebol no topo da hierarquia, na Super Liga, e não a prática amadora do esporte, no dia a dia, mas até isso está mudando. Xi Jinping, presidente do país, é fã confesso do futebol e transformou o desenvolvimento do esporte desde a infância em política de estado. Levará tempo para vermos resultados, mas será que teremos na China uma potência na próxima década?

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