Vasco e São Caetano fizeram de decisão da Copa João Havelange de 2000. O torneio, "organizado" para ser o Campeonato Brasileiro daquele ano, reuniu equipes de todas as divisões do futebol brasileiro e terminou com uma final inesperada, resolvida depois de muita confusão.
Adhemar, ídolo do São Caetano, recordou, para a reportagem de oGol, que a desorganização do futebol brasileiro na época possibilitou que o Azulão se tornasse a grande zebra do ano.
"A João Havelange foi algo de Deus. Toda aquela virada de mesa, aquela bagunça do futebol brasileiro foi o que proporcionou a gente poder estar ali junto. Apesar de ter sido, entre aspas, uma reviravolta no tapetão, Deus colocou a mão e nos colocou no cenário do futebol por causa daquela bagunça. O que era para ser uma maldição foi uma bênção para nós", recordou.
Um dos momentos mais marcantes de Adhemar ao longo da campanha foi o golaço que fez contra o Fluminense, no Maracanã, pelas oitavas de final. Aquele gol foi um dos momentos mais especiais da carreira do atacante.
"Aquele gol no Maracanã mudou, completamente, a minha história. Não só a minha, como a do São Caetano. Até ali, nós éramos uma zebra, que estava chegando no mata-mata, contra um time grande, o Fluminense. E de repente você acerta um 'chutinho' daquele lá no estádio que é e a gente consegue eliminar um clube grande... Então, além da pintura do gol, a importância que teve para a gente... Foi um momento histórico, para mim e para o São Caetano", lembrou.
O São Caetano foi, então, derrubando os gigantes. Depois do Flu vieram Palmeiras e Grêmio, sempre com gols decisivos de Adhemar. Até a final contra o Vasco.
Cariocas e paulistas foram decidir o campeonato em São Januário. O estádio estava superlotado. O cronômetro marcava 23 minutos e Helton se preparava para cobrar o tiro de meta quando o alambrado perto das cabines de rádio e televisão cedeu. Torcedores se pisotearam e caíram na direção do gramado.
Adhemar lembra que o clima no estádio era de guerra antes mesmo de a bola rolar. O agora ex-jogador recorda o ambiente bélico que virou a Colina.
"A gente sabe que houve muitos problemas pré-jogo. Torcida do Vasco balançando o ônibus, mostrando armas, vestiário fechado, a gente não pôde entrar em campo para aquecer. E aí aconteceu a fatalidade da queda do alambrado, muita gente lesionada, Eurico Miranda tocando o pessoal, o Garotinho, Governador da época, teve que intervir e cancelou a partida", contou.
Adhemar defende que o São Caetano deveria ter sido declarado campeão. A decisão, entretanto, foi a marcação de um outro jogo no Maracanã, que terminou com vitória e título para o Vasco.
"O Vasco continuou a treinar, a gente entrou de férias e, de repente, marcaram uma partida no Maracanã. Aquela partida foi alguma coisa... Já que era um campeonato que estava meio revirado, foi mais uma das lambanças que eles fizeram. Poderiam ter decretado o São Caetano campeão", defendeu.