As faces de Vargas: Lenda do Chile e da Copa América, aquém das expectativas por clubes

Um jogador, duas versões. Eduardo Vargas parece se transformar pela seleção chilena, quase como se a camisa vermelha o proporcionasse superpoderes - ou ao menos potencializasse suas mais valias. O atacante do Atlético Mineiro está agora entre os maiores artilheiros da história da Copa América, mas não é só. Com 40 gols em 98 partidas por La Roja, o jogador tem rendimento pelo Chile muito superior ao que obteve por clubes ao longo dos últimos 10 anos de carreira.

Vargas entrou para o rol dos maiores goleadores da Copa América com o gol marcado na noite de segunda-feira (21), contra o Uruguai. O atacante está empatado com Paolo Guerrero, do Internacional, na quinta posição. O chileno e o peruano têm 14 gols em edições do principal torneio entre seleções da América do Sul, apenas três de distância para os maiores artilheiros da história da centenária competição: o brasileiro Zizinho e o argentino Norberto Méndez, ambos com 17 gols. Confira a lista dos maiores artilheiros da Copa América.

O feito de Vargas é de enorme dimensão histórica, e não há argumento que possa diminuí-lo. Nos últimos anos, a Copa América têm perdido o apreço do público brasileiro e muitos argumentam, até mesmo contra o feito de Vargas, que muitas edições do torneio vêm sendo disputadas em sequência - o que é uma meia verdade. Vargas, por exemplo, alcançou seus 14 gols em 21 jogos disputados ao longo de quatro Copas América. Zizinho disputou seis vezes a Copa América e precisou de 33 jogos para alcançar seus 17 gols, enquanto Norberto Martínez tem uma invejável média de um gol por jogo para o mesmo número de tentos.

Artilheiro imparável (pelo Chile)

Eduardo Vargas é um dos maiores jogadores da história do futebol chileno, sobre isso não restam dúvidas. O atacante é bicampeão da Copa América, únicos títulos que a seleção detém, e foi peça fundamental em 2015 e 2016, quando terminou como goleador.

Além dos feitos pela Copa América, Vargas destaca-se como segundo maior goleador de todos os tempos do Chile. Os 40 gols do atacante o deixam na frente dos lendários Marcelo Salas (37) e Iván Zamorano (34), que fizeram muito sucesso entre a década de 1990 e os anos 2000. O maior artilheiro da história da seleção chilena é Alexis Sánchez, companheiro de Vargas na seleção, fato que complica um pouco a briga pela primeira posição - Alexis tem 46 gols, confira a lista completa.

Próximo dos 100 jogos pela seleção, Vargas tem atualmente média de 0,41 gol por jogo pelo Chile, fato que passa longe da realidade por clubes...

Tático e brigador (por clubes)

A marca registrada de Eduardo Vargas fora da seleção chilena não é, definitivamente, a de artilheiro. Enquanto os chilenos esperam do "Turboman" gols, a expectativa pelos clubes onde passou poderia até ser essa inicialmente, mas não foi exatamente atendida.

Vargas, sem dúvidas, mostrou valor por clubes e não por acaso deixou o Tigres, do México, como ídolo. No entanto, o componente tático, o papel como falso 9 e o dever de abrir espaços para outros goleadores foi muito mais presente em seus trabalhos na última década.

Desde que deixou o futebol chileno, transferindo-se em 2011 da Universidad de Chile para o Napoli, Vargas fez 327 partidas e marcou 72 gols, o que dá uma média de 0,22 gol por jogo - ou seja, metade da média de gols que tem pela seleção.

O melhor desempenho de Vargas pela seleção como goleador é tão notório que o jogador está próximo de alcançar um número, no mínimo, curioso. Por clubes, o máximo de gols feito pelo atacante é de 42, justamente pelo Tigres, onde passou cinco temporadas. Assim, bastam mais três bolas na rede pela seleção para Vargas ter mais gols pelo Chile do que por qualquer outro clube que tenha defendido.

No Atlético Mineiro, Vargas foi contratado a pedido de Jorge Sampaoli. Em 2020, o chileno chegou em Belo Horizonte com a pompa de grande contratação e com o bônus de jogar sob o comando de um dos treinadores que soube extrair seu melhor rendimento. Apesar disso, a realidade em sua segunda passagem pelo Brasil é de que ele não passa de uma opção no elenco do Galo, ainda que não exista grande questionamento sobre seu futebol.

Pelo Atlético, são sete gols em 32 jogos, o que fica bem próximo da média que teve mesmo ao longo dos últimos 10 anos. O grande "X" da questão é esse. Não parece muito pouco para uma figura lendária pelo Chile ser apenas um coadjuvante para o Atlético Mineiro? É curioso, mas enquanto pensar que Vargas não é unanimidade pelos clubes onde passou, lembre-se também de que ele é um dos maiores ídolos de uma seleção, e isso certamente não é pouco.