Casemiro, Modric e Kroos: Trinca de confiança de Zidane dificulta renovação no Real

Martin Odegaard foi anunciado nesta terça-feira como novo reforço do Arsenal. Cedido pelo Real Madrid, o norueguês, de 22 anos, escolheu Londres para ter mais minutos em campo, já que a missão em Madri é dificultada pela trinca de meias de confiança de Zinedine Zidane: Casemiro, Luka Modric e Toni Kroos. 

Odegaard é só mais um exemplo prático de como, nos últimos anos, a espinha dorsal que sustentou Zidane impediu que o Real Madrid renovasse as opções para o meio-campo. 

Tudo começou no início de 2016. Zinedine Zidane assumiu o Real Madrid após um trabalho muito contestado de Rafa Benítez. Nos primeiros jogos, escolheu Isco para jogar ao lado de Kroos e Modric. Até que, no dia 27 de fevereiro, o Real perdeu para o Atlético de Madrid, no Santiago Bernabéu, gol de Antoine Griezmann. Foi a primeira derrota de Zidane no comando do time.

No jogo seguinte, contra o Levante, Casemiro assumiu o posto de titular. E nunca mais o deixou. No início de agosto, o Real venceu a Roma, pela Liga  dos Campeões, com Modric, Casemiro e Kroos. Desde então, a trinca se consolidou e, naquele mesmo ano, levou os Merengues ao topo da Europa e do mundo. 

O efeito imediato foi o declínio de Isco, que assim como James, sem espaço no meio, e com a concorrência de Gareth Bale na frente, virou coadjuvante. Odegaard estava naquele elenco e, nos anos seguintes, teve de buscar empréstimos na Holanda para ter mais protagonismo em campo. 

Nas temporadas seguintes, Casemiro, Modric e Kroos eram a única certeza do Real Madrid. Mesmo no ano sabático de Zidane, em que a equipe ficou sob o comando de Lopetegui e em seguida Solari. Mesmo quando o próprio Zidane teve dúvidas: nos períodos críticos, eram sempre os mesmos três jogadores que reapareciam para abafar crises. 

O uruguaio Fede Valverde foi mais um que surgiu com força para tentar acabar com a soberania da trinca e, na temporada passada, conseguiu atuações contundentes. Mas nos jogos grandes, Modric, Kroos e Casemiro eram sempre os preferidos. Na atual temporada, o mesmo acontece. 

Dani Ceballos, outro concorrente que teve de buscar espaço em outra equipe, é hoje conselheiro de Odegaard no Arsenal. O próprio meia aconselhou o norueguês a ir para Londres. 

"Não sei exatamente o que passa na cabeça do Martin, mas eu sei o que penso. Quando você é jovem e tem metas e objetivos, o que você precisa é jogar regularmente e se não joga, algo está errado", disse Ceballos.

Destaque nas seleções de base da Espanha, Ceballos conseguiu 61 partidas (36 como titular) e 3723 minutos em uma temporada e meia no Arsenal, contra 56 jogos (28 como titular) e 2823 minutos em duas temporadas completas na capital espanhola.

Ao contrário de James, Odegaard e Ceballos, Isco foi insistente na luta por um lugar no time e se manteve em Madri o tempo todo. Na atual temporada, porém, tem apenas 14 jogos, só quatro como titular. Valverde, por sua vez, atuou em 20 partidas, 12 de início. 

Kroos e Modric, em comparação, jogaram 25 vezes, 21 delas como titular. Casemiro, o mais intocável de todos, fez 23 partidas, 20 como titular. Só Vázquez, Varane, Benzema e Courtois jogaram mais partidas como titular na atual temporada. Na passada, Casemiro foi o primeiro no quesito, Kroos o sétimo e Modric o nono. 

Apesar dos 35 anos de Modric, dos 31 de Kroos e dos 28 de Casemiro, e das boas opções para o setor, uma renovação no meio-campo merengue parece improvável no momento. Enquanto isso, Odegaard e companhia tem duas opções: se conformar ou buscar espaço em outro lugar. Como no Arsenal, por exemplo...