O Chile era o adversário que Felipão temia, e com motivos. Mesmo saindo atrás na partida, a seleção chilena dominou o Brasil, que segurou com muito custo o empate em 1 a 1 no tempo regulamentar. A vaga veio apenas nos pênaltis, na última cobrança, salvando a Copa do Mundo para os donos da casa.
O primeiro jogo das eliminatórias foi duro, disputado em horário sempre complicado, com sol e calor atrapalhando o espetáculo. Sobrou emoção, faltou futebol, principalmente para o Brasil. O Chile ainda tentou jogar bola e dominou o encontro enquanto teve pernas. Nos pênaltis, Júlio César e a sorte salvaram a equipe de Felipão da eliminação precoce.
É hora de mata-mata
Jogasse contra outra equipe nas oitavas, o Chile teria a simpatia de boa parte da torcida brasileira. Mas não se esperava clima amistoso no Mineirão, e a confirmação veio com as pesadas vaias do torcedor quando as caixas de som deixaram de tocar o hino chileno, que continuou sendo entoado pelos chilenos à capela. A tensão ditou a história no primeiro tempo.
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Durante os primeiros 45 minutos a bola passou mais tempo parada do que rolando. Brasil e Chile abusavam das faltas, na ansiedade para ter a redonda em seus pés. Os chutes de fora da área acabaram por ser a saída para as duas seleções, com Marcelo experimentando de longe aos cinco minutos, com resposta imediata de Díaz.
O estádio respirou aliviado aos 18 minutos. A bola foi alçada na área em cobrança de escanteio, Thiago Silva subiu mais que todos no primeiro poste e desviou para a pequena área. David Luiz dividiu com Jara e abriu o placar para o Brasil.
Depois do gol, a seleção fechou-se na defesa, que parecia intransponível. O Chile adiantou a marcação para explorar os erros e acabaram recompensados. Aos 31 minutos, Hulk devolveu mal para Marcelo, Vargas disparou com a bola e encontrou Alexis Sánchez livre na área: 1 a 1.
Brasil suporta pressão e comemora prorrogação
O segundo tempo começou com David Luiz dando susto ao errar na saída de bola, mas logo depois o Brasil passou perto do segundo com chute de fora da área de Fernandinho, em uma das poucas jogadas trabalhadas com passes curtos: no primeiro tempo a seleção preferiu a ligação direta.
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Hulk, antes dos 10 minutos, quase se redimiu da falha no lance do gol chileno. O atacante foi lançado na área, dominou e tocou do jeito que deu para a rede. O estádio explodiu de alegria e logo depois de decepção: o assistente viu toque de mão do jogador.
Não demorou para o Brasil voltar aos chutões para a frente. O Chile retomou o controle do jogo e só não virou a partida graças a grande defesa de Júlio César em chute a queima-roupa de de Aránguiz. A entrada de Jô no lugar de Fred de nada melhorou a capacidade da seleção em reter a bola.
Fernandinho deixou o campo também, esgotado, para dar lugar a Ramires. Mas o Brasil só encontrou o equilíbrio depois dos 30 minutos, quando o Chile já parecia não suportar o desgaste de um jogo intenso, com calor e sol. Enfim as chances voltaram a aparecer do lado brasileiro.
Aos 35 minutos, Neymar subiu entre dois defensores e mandou de cabeça para defesa de Bravo. Pouco depois, Hulk disparou pela direita e bateu cruzado, para nova intervenção do goleiro. A decisão não viria no tempo regulamentar.
Chile leva para os pênaltis e Júlio César brilha
O ritmo na prorrogação foi lento, muito lento. O Chile pagou o preço pela correria debaixo do sol forte em Belo Horizonte. Mesmo cansado, o Brasil sobrava fisicamente. Tecnicamente, no entanto, o jogo brasileiro era de pobreza inacreditável. Chutões para a frente de todas as formas e Jô sofria como Fred, tentando dominar bolas longas que pareciam queimar em seus pés.
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Hulk destoava. Inteiro e devendo na partida, o atacante tentou chamar o jogo. Das jogadas de Hulk nasciam as raras oportunidades brasileiras, como em cruzamento para cabeçada de Oscar, aos 11 minutos, e a bomba de fora da área, dois minutos depois, com Bravo seguro nos dois lances.
O Chile, morto e entregue, à espera dos pênaltis, quase evitou os pênaltis na única subida ao ataque no segundo tempo da prorrogação. Pinilla acertou o travessão.
David Luiz fez na primeira cobrança. Pinilla cobrou mal e Júlio César defendeu na sequência. Willian devolveu o presente e mandou para fora. Sánchez bateu no canto, mas fraco, e Júlio César pegou mais uma. Marcelo cobrou a meia-altura, mas superou Bravo. Aránguiz bateu forte e no ângulo, sem chances para o goleiro. Hulk tentou com força, no meio, e Bravo pegou. Díaz deixou tudo igual. Neymar recolocou o Brasil na frente. Jara acertou a trave e decretou a festa brasileira, no sufoco.