Um milagre silencioso. Poucas contratações, muitas saídas e a manutenção de uma base sob constante questionamento fizeram o Arsenal mudar da água para o vinho. E o efeito vai muito na conta de (Gabriel) Jesus.
Para todos envolvidos, o início da Premier League 2022/23 não é dos mais previsíveis. Ainda que em crise, o Manchester United com zero pontos depois de derrotas para Brentford e Brighton é um bom exemplo, assim como Liverpool e Chelsea na parte de baixo da tabela. Mas a maior surpresa não está aí, até porque Reds e Red Devils fazem nesta segunda-feira o maior clássico da Inglaterra, fechando a terceira rodada.
A grande notícia de momento na Terra da Rainha é o Arsenal - e não poderia ser diferente. Na arrancada do Campeonato Inglês, os Gunners conseguiram três vitórias em três jogos, afastando o fraco início da temporada passada com desempenho exatamente inverso: três jogos e três derrotas. Como?
O movimento de mercado do Arsenal foi tímido. Os londrinos estão entre os que menos fizeram contratações para a nova temporada. Até aqui, apenas quatro jogadores chegaram: Fábio Vieira, (ex-Porto) e Marquinhos (ex-São Paulo), ainda não estrearam e começaram no time sub-21; além de Zinchenko, lateral ex-City; e Gabriel Jesus, o game changer.
Mesmo que também jovens, com 25 anos, os ex-jogadores do City chegam para aumentar (timidamente) a baixa média de idade do elenco de Arteta, agora de pouco mais de 24 anos. Na temporada passada o time já foi o mais jovem da Premier League.
Gabriel Jesus foi confirmado como reforço do Arsenal no dia 4 de julho, num negócio avaliado em 50 milhões de euros. O brasileiro chegou com a responsabilidade de preencher um vazio deixado por Lacazette, que deixou Londres depois de não renovar seu contrato. O vazio, na verdade, já era anterior à saída do francês, presente desde que Aubameyang foi para o Barça na janela de transferências de inverno, no meio da temporada 2020/21.
No Arsenal, Gabriel Jesus ganha a oportunidade que nunca teve sob a batuta de Guardiola: ser o protagonista ao qual foi alçado quando deixou o Brasil rumo à Inglaterra, em 2017.
Em cinco temporadas e meia nos Cityzens, Jesus foi mais titular do que reserva, disputou 236 jogos e marcou 95 gols, mas viveu à sombra, enquanto homem-gol, de Sergio Agüero. Na oportunidade que teve de assumir o papel do ídolo argentino, foi por vezes suprimido em jogos-chave da temporada por um time que usou escalações até sem atacantes de origem. O ponto final foram as contratações de Julian Álvarez e o desejo (agora concretizado) de contar com Haaland.
Agora, de casa nova, Gabriel Jesus dá sinais de estar mais adaptado que nunca. Na pré-temporada, o atacante encantou de cara a torcida e gerou grande expectativa, depois de sete gols em quatro amistosos. E não demorou para o bom rendimento seguir quando a bola começou a rola para valer.
Nos três jogos dos Gunners na Premier League, Jesus contribuiu até aqui com dois gols e três assistências. As cinco participações em gol representam o melhor início de temporada do jogador desde que chegou na Inglaterra, superando justamente seu último ano pelo City, quando começou com três assistências e um gol.
De momento, o Arsenal vive sua melhor arrancada de Premier League desde 2009/10, quando também começou com três vitórias. O desafio para Gabriel Jesus e da juventude que o acompanha é mostrar que amadureceram o suficiente para serem tudo que um dia projetaram e assim, quem sabe, devolver os Gunners para o grupo de melhores do Campeonato Inglês.