O River Plate de Marcelo Gallardo foi a última grande ameaça dos clubes brasileiros na Libertadores. Desde que o Flamengo, de Jorge Jesus, superou os Millionarios em 2019, só brasileiros estiveram no topo da América. Em 2024, sob o comando de Martín Demichelis, o River promete ser mais que uma pedra no sapato.
Certamente no sorteio da Libertadores nesta segunda-feira, Atlético Mineiro e Botafogo, que não eram cabeças de chave, torceram para não cair no grupo H, dos Millionarios. Deu certo, e o River está na chave com Libertad, Deportivo Táchira e Nacional.
O River foi campeão argentino ano passado com 11 pontos de vantagem para o segundo colocado, e em 2024 lidera o grupo A da Copa da Liga sem nenhuma derrota. Demichelis já soma 40 vitórias em 67 jogos no comando dos Millionarios.
Demichelis começou a carreira como treinador como auxiliar no Málaga, da Espanha, depois de ter encerrado a carreira por lá. Passou pelo time sub-19 e pela equipe B do Bayern de Munique até, em 2023, ser convidado a substituir Gallardo no Monumental de Nuñez.
Demichelis sempre deixou claro ter duas referências da época de jogador: Maurício Pellergino e Louis Van Gaal. Um pouco de ambos pode ser visto na forma como atua o River de Demichelis.
O técnico propõe um jogo posicional, com apego pela posse de bola e saída vertical desde a defesa. Por isso, zagueiros e volantes têm como características um passe vertical qualificado. Por contar com meias criativos como Nacho Fernández, Claudio Echeverri e Manuel Lanzini, o time usa muito o corredor central para construir os lances mais agudos no último terço.
Ao longo de seu tempo no comando dos Millionarios, Demichelis nunca adotou um esquema tático único. Sempre apresentou mudanças no esquema dentro de uma mesma partida, dependendo da situação de jogo e, também, do adversário. A tendência mais forte é de usar 4-2-3-1, enquanto 4-1-4-1 ou 4-1-3-2 são opções bem frequentes.
O esquema com dois atacantes, geralmente com Borja e Facundo Colidio, busca criar superioridade numérica no último terço e ocupar bem os espaços na área contra rivais bem fechados. Pela característica de ficar mais com a bola, busca cansar os adversários e geralmente finaliza mais no segundo tempo. Nos corredores laterais, deixa o ataque a profundidade com os laterais (André Herrera vem conseguindo mais protagonismo em 2024).
Na fase defensiva, tem uma organização mais rígida, geralmente se fechando em um 4-5-1 quando está com blocos médios e baixos. Mas apresenta uma pressão pós perda forte, com a tendência de forçar o adversário a afunilar o jogo no corredor central.
Em 13 partidas no ano, o River marcou 26 gols e sofreu oito. Caiu no grupo H da Libertadores, com Deportivo Táchira, Libertad e Nacional. Deve avançar sem grandes dificuldades. E no mata-mata, promete voltar a ser o algoz dos brasileiros.