Há um ano, no dia sete de julho de 2015, Paolo Guerrero era apresentado ao Flamengo elogiando "a maior torcida do Brasil". A contratação foi vendida aos torcedores como a de um grande goleador, que resolveria todos os problemas do ataque rubro-negro.
O início até foi utópico, mas logo os tentos foram desaparecendo, o jogador começou a ser questionado, mas poucos se perguntaram: marcar gols é mesmo o forte de Guerrero?
Não podemos deixar de lado, claro, o lado artilheiro de Paolo Guerrero. Afinal, falamos do principal artilheiro da história da seleção peruana e do autor do gol do título Mundial do Corinthians, sobre o Chelsea.
Mas falemos de médias: no Peru, Guerrero fez 28 gols em 73 partidas, ou seja, uma média de 0,38 gol por partida. É o principal goleador, sem discussão e com todos os méritos, mas com uma média não tão invejável.
No Bayern de Munique, foram 13 tentos em 45 jogos (média de 0,29), e no Hamburgo, 51 em 183 jogos (média de 0,28). O jogador sempre buscou ser muito participativo, se movimentando bastante e mostrando seu valor, mas nunca foi o artilheiro que esperavam na Gávea.
A passagem pelo Corinthians provavelmente ajudou a vender a falsa esperança de um artilheiro sempre matador: foram 126 e 52 gols, média próxima a meio gol por jogo, a melhor do atacante (para ser preciso, 0,41).
Mais que a média de gols, a importância dos tentos. Guerrero se mostrou decisivo para a torcida corintiana, e logo foi colocado em um patamar bastante elevado. Mas até pelo Timão, Guerrero é mais lembrado por marcar tentos decisivos e por ser muito batalhador do que por balançar as redes todos os finais de semana.
No Rio, após o término de sua passagem no Alvinegro, o atacante foi apresentado pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello como "artilheiro nato".
No início da passagem, até mostrou seu lado goleador, mais até do que nunca: Guerrero marcou nos três primeiros jogos com a camisa rubro-negra. O aproveitamento inicial foi considerado "fantástico" pelo jogador. A torcida se empolgou.
Mas logo veio a primeira seca, que durou cinco jogos. Depois, Guerrero ficou sem balançar a rede nove partidas, cinco meses no total, voltando a marcar somente em 2016.
Novamente, a torcida voltou a se empolgar: nos quatro primeiros jogos do ano, quatro gols de Guerrero. Só que logo o peruano fica um, dois, três jogos sem marcar, e a pressão volta novamente.
Para se ter uma ideia, a média de gols de Guerrero em 2016, pelos dez tentos em 24 partidas no ano, é de 0,42, superando inclusive a do auge do jogador, no Corinthians. Ainda assim, o peruano não consegue convencer o torcedor, e parte da imprensa.
Esperar um desempenho melhor, pelo menos no que diz respeito a gols, é pedir a Guerrero que faça o que nunca fez na carreira. É querer que, um ano depois, vire realidade a utopia que foi vendida de um artilheiro de todos os momentos, que faz gols tão naturalmente quanto dá bom dia.